Igreja da Misericórdia de Castro Marim 2012

Texto: João Tavares 2012

A Pintura de Oliveira Tavares é uma Pintura de Luz.
As suas telas sempre acrescentam luz à luz sem a dividir, sendo cada uma das suas pinceladas, um hossana dado por suas mãos a QUEM a dispensa a todos nós para que a partilhemos.
Que nos oferece o Pintor pelas suas impressivas imagens?
Muitos sentimentos que, vivenciados, ora em vigília desperta, ora por sonhos rememorados, sugerem, exprimem, chamam, pois a sua força telúrica deseja transmitir-se, comunicar, expressar-se.
Torrentes de luz, ei-los, por vezes, limpos nos azuis, quentes nos doces e fortes amarelos, verdes águas criadoras, vermelhos, quais gritos que não cabem em peito generoso, mas levantados em mãos suaves, delicadas, mesmo quentes… dedos, quais pétalas, perfumando o silêncio.
Há rostos, bocas, dessas carnudas, quase disponíveis, mas seladas, interiores, secretas.
Então, os olhos?!
Que suavidade! Que distância. Que força de expectativa, que descida pela interioridade…
Também se ouve música nas suas telas. Uma música antiga, nascida do vento dedilhando o vazio das ânforas, qual corpo de mulher que em sonho se ouviu, ou viveu?
Há vezes em que o Pintor escreve Dor, e tantas são as letras dessa palavra que enchem uma tela até ao desespero ou até as mãos se renderem…
Se esvoaçam anjos ou, acaso, escutam, é porque eles desejam entrelaçar-se na vida e o pintor não os dispensa.
Dissemos que Oliveira Tavares pinta a luz e que baste que o abonemos com os olhares que todas as suas telas nos oferecem: eles se nos juntam para mais sermos da Vida.
Oliveira Tavares pinta a Vida, pois não a quer para si próprio.

João Tavares
Vila Viçosa, 8 de Novembro de 2011

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